Os dados recentemente divulgados do Censo Escolar 2023 trouxeram à luz informações valiosas sobre o impacto da pandemia da COVID-19 na educação. A geração de estudantes que passou por um longo período de ensino remoto durante a pandemia está agora sob o foco.
Em 2023, todas as redes públicas retornaram ao processo de rematrículas presenciais, substituindo a prática de rematrículas automáticas que prevaleceu desde o final de 2020 devido aos desafios impostos pela pandemia. Os dados revelaram que essa mudança teve um impacto significativo, especialmente nos alunos dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Houve uma reversão drástica na tendência de queda no número de matrículas desde 2017, que só voltou a cair em 2022, quando algumas redes retomaram o processo presencial.
Além disso, os dados das matrículas trouxeram algumas surpresas. Para os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), houve uma queda mais acentuada nas matrículas durante a pandemia do que a tendência anterior de redução devido à mudança no perfil etário da população brasileira. Isso sugere que muitas famílias optaram por atrasar a entrada de suas crianças na escola durante o ensino remoto. Embora essa tendência tenha sido revertida em 2022, ainda é motivo de preocupação, pois a defasagem idade-série é um grande indicador de abandono escolar.
No ensino médio (1ª a 3ª série), os dados mostraram um padrão diferente. Assim como nos anos finais do ensino fundamental, houve uma grande quebra de tendência nas matrículas em 2020 e 2021. No entanto, essa quebra não foi revertida em 2022 e apenas sofreu uma pequena correção em 2023. Surpreendentemente, a taxa de abandono continuou menor do que em um ano típico antes da pandemia.
Essas informações são cruciais para entendermos o impacto da pandemia na educação e para planejarmos estratégias eficazes para apoiar os estudantes à medida que avançamos.
Fonte: Jornal Estadão, Guilherme Lichand e Carlos Alberto Dória/ Análise.